Colorado enfrenta o Independiente de Medellín nesta terça-feira (04), em busca do tri da Libertadores no dia do seu aniversário.

Em um período tão difícil, qualquer coincidência pode ser um bom sinal. Como começar o campeonato no dia do aniversário. O Colorado enfrentará o Independiente de Medellín nesta terça-feira (04), dia em que o clube comemora seus 114 anos.

2006 ou 2023? São muitas coincidências

Longo período sem títulos relevantes. Pressão enorme por perder para o Gauchão em casa com dois empates. Vice-campeão brasileiro no ano anterior. Nacional-URU e seleção venezuelana na estrada. Técnico identificado e em busca de santificação na caixa. Um time cheio de dúvidas, desconfiado de uma torcida impaciente e sem sucesso. Rentería. Fernandão. Isso é 2006 ou 2023?

Para os torcedores que acreditam em coincidências, tanto faz, desde que o cenário do glorioso ano de 2006 se repita em 2023 e o clube seja campeão da América novamente. Às 21h (horário de Brasília) desta terça-feira (04), aniversário de 114 anos do Colorado, no Estádio Athanasio Girardot, a jornada do Inter em busca do tri da Libertadores começa contra o Independiente de Medellín.

2006 marcou o 14º ano desde o último título relevante. Ter ficado em segundo lugar no Brasileirão anterior foi uma frustração enorme, que se transformou em desconfiança e até descrença quando terminou em segundo no Gauchão e perdeu o título para o Grêmio. Abel Braga, então comandante, aumentou sua fama de “pé-frio”. Coincidentemente, o técnico tricolor era Mano Menezes. E agora é a sua vez de tentar mudar o cenário atual vestindo vermelho.

2023 marca o 12º ano desde a conquista da Recopa Sul-Americana. Para piorar, o Gauchão segue pela sétima vez sem vencer. A queda com o Caxias após dois empates aumentou a pressão no grupo (embora praticamente não haja seca). O Beira-Rio pulsa. Por nervosismo.

As dúvidas são, praticamente, as mesmas

Em 2006, havia pouco consenso na equipe. Antiga Granja ou Ceará? Jorge Wagner no meio ou na lateral? Michel inicial e reserva Iarley? Onde colocar Mossoró? Em 2023, as dúvidas são as mesmas desde o início do ano: Baralhas ou Johnny? Wanderson ou Pedro Henrique? Por que não os dois? E há até uma coincidência de nomes: nos dois anos, o início da temporada tinha Luiz Adriano como opção ofensiva.

Em 2006, a primeira partida foi disputada fora de casa. Foi um empate de 1 a 1 em um ambiente difícil. Agora um empate não seria ruim, mas a atual Libertadores dá $ 300.000 para cada vitória na primeira fase. Em crise financeira, cada dólar é fôlego.

Em 2006, era urgente esquecer a derrota do Gauchão e voltar as atenções para a Libertadores. Ele tenta canalizar a frustração de perseguir um sonho. Em 2023, o discurso é idêntico. Disse o zagueiro Mercado, um dos líderes do time:

— Sabemos da importância deste jogo contra o Independiente. Temos um sonho grande e sabemos a importância de começar vencendo. A expectativa se renova porque é uma competição nova. Eu voltei para a América do Sul para poder vivenciar isso e me gera muito expectativa.

Em 2006, o Nacional-URU ficou no caminho. E também venezuelano: na época Maracaibo. Agora há um colega Metropolitanos-VEN. E novamente Nacional. Isso traz uma memória quase inseparável.

Rentería veio dar sorte para o tri da Libertadores

Em 2006, havia Rentería. O colombiano marcou um dos gols mais bonitos da história do Inter no Estádio Parque Central, contra o mesmo Nacional, dando um balãozinho no zagueiro e chutando por cobertura do goleiro. A seu lado, o capitão do time comemorou.

Ricardo Duarte / Inter/Divulgação
Em 2023, Rentería foi à concentração colorada em Medellín Foto: Ricardo Duarte / Inter/Divulgação

Em 2006, havia Fernandão. Era ele que ria enquanto o carismático camisa 19 fazia a dança ruque-raque (que culminaria em expulsão). Era ele que tranquilizava a equipe nas horas difíceis e que fazia os gols nos momentos decisivos, como a virada sobre o Chivas, a semifinal contra o Libertad e a decisão com o São Paulo.

Em 2023, Rentería foi para o campo de treinamento do Colorado em Medellín. Não perdeu nem 1% do carisma que o consagrou há quase 20 anos. Ele até tirou uma foto vestido de saci, com touca e cachimbo. E em 2023, Enzo da Costa, filho do eterno capitão, tem Fernandão tatuado no braço.

Imagem: Daniela Vanzin