Nesta quarta-feira (19), o Sport Club Internacional anuncia Eduardo Coudet como novo treinador. Ele assina contrato até o final da temporada 2023. Chegam também para compor a comissão técnica o auxiliar Lucho González, o preparador físico Octavio Manera, o auxiliar de preparação física Guido Cretari e o analista de desempenho Carlos Fernández.

Coudet acerta com o Inter. Foto: Reprodução S.C. Internacional

Será a segunda passagem do técnico pela equipe colorada. Na temporada 2020 comandou o time por 11 meses com aproveitamento de 61,5%. Com ele, o Inter se manteve na liderança do campeonato brasileiro e se classificou para as oitavas de final da Copa Libertadores e para as quartas de final da Copa do Brasil.

Assim, no futebol brasileiro, treinou o Atlético-MG no primeiro semestre, como campeão estadual. Ele treinou o Celta de Vigo por duas temporadas na Europa. Em seu país, o argentino treinou o Rosario Central e chegou à final da Copa Argentina. Ele conquistou dois títulos com o Racing e foi eleito o melhor técnico da temporada 2019.

Ficha Técnica
Nome: Eduardo Germán Coudet
Data de Nascimento: 12/09/1974
Origem: Buenos Aires (Argentina)

Carreira
2015 | Rosario Central (Argentina)
2017 | Tijuana (México)
2018 | Racing (Argentina)
2020 | Internacional
2020 | Celta (Espanha)
2023 | Atlético-MG
2023 | Internacional

Conquistas:
2019 | Superliga Argentina, Troféu dos Campeões e Melhor treinador do Campeonato Argentino
2023 | Campeonato Mineiro

Estilo de jogo de Coudet

Além da intensidade e dos gritos à beira do campo, há mais uma característica no trabalho de Eduardo Coudet. O argentino é adepto da formação 4-1-3-2 e de um modelo de jogo agressivo que procura desarmar os adversários próximos da área e atacar o mais rápido possível. O sistema que o treinador utiliza em todas as equipes por onde passou e que o Inter deverá replicar é o mesmo que fez Enner Valencia brilhar na Turquia.

Assim como Coudet, Jorge Jesus prefere uma formação com dois atacantes à frente. No Fenerbahçe, o Valencia dividiu a última linha com o belga Michy Batshuayi. O estilo de jogo ofensivo do português permitiu que o camisa 13 brilhasse. Em 48 partidas, foram marcados 33 gols, além de sete assistências.

Portanto, Mano Menezes prefere a formação 4-2-3-1. O agora ex-técnico colorado gosta de craques, ao contrário do argentino. Na estreia pelo Valência (derrota para o Fluminense por 2 x 0), chegou a colocar o equatoriano na ponta para manter Luiz Adriano como centroavante.

No empate em 0 x 0 com o Palmeiras, no último domingo, o Valência foi o centroavante. Mas, assim como na primeira partida, fez uma atuação discreta. Com mais um atacante ao seu lado, o equatoriano pode se beneficiar do esquema do técnico argentino. Coudet prega que a marcação comece já na saída da bola adversária, próximo à área.

Foi assim que Thiago Galhardo, por exemplo, virou protagonista no Beira-Rio nas mãos do argentino e foi convocado pela seleção brasileira. O atual jogador do Fortaleza balançou as redes em 22 oportunidades, além de dar nove assistências.

Quem pode perder espaço?

Se o estilo de Coudet pode ser um trunfo para Valencia deslanchar, é bem provável que alguns jogadores precisarão redobrar esforços para ganhar a confiança do técnico. Como Coudet não é adepto dos pontas, Wanderson e Pedro Henrique, por exemplo, precisarão se adaptar.

Pedro Henrique, que atualmente se recupera de uma lesão muscular na coxa direita, atuou como atacante pelo Gauchão e terminou como artilheiro da competição com oito gols. É uma vantagem que terá para continuar com o prestígio da equipe. Wanderson é um dos que pode perder espaço.

Entretanto, por não utilizar pontas, o técnico aposta nos laterais abertos, como apoiadores. Bustos aproveitará a aptidão ofensiva para se juntar aos companheiros e trabalhar para municiar os homens de frente. Renê, que é mais defensivo, é outro terá que modificar a maneira de atuar.

Coudet não é adepto do chutão na construção das jogadas, mesmo quando pressionado. Gosta da saída de bola por baixo, com troca de passes até deixar os rivais para trás e chegar ao ataque. Portanto, foi com tal alegação que Rodrigo Moledo caiu na hierarquia na passagem anterior do técnico pelo Beira-Rio.

Estilo ofensivo e defesa exposta

O posicionamento da equipe também fica adiantado. Não raro, os últimos marcadores estão posicionados quase no meio do campo. Uma virtude quando recupera a bola para ter menos espaço até chegar ao gol rival, mas que dá espaço caso o time sofra um contra-ataque e expõe o goleiro.

Portanto, o primeiro volante, quando o Inter estiver com a posse, estará no meio dos dois zagueiros para iniciar a construção. É a partir deste movimento que os laterais recebem a liberdade e avançam.

Eduardo Coudet em treino do Inter em 2020 — Foto: Ricardo Duarte/DVG/Inter

Eduardo Coudet em treino do Inter em 2020 — Foto: Ricardo Duarte/DVG/Inter

Coudet gosta que o time esteja sempre com a bola. No período do Colorado, na maioria dos jogos o Inter teve mais posse que os adversário. Ofensivista, o treinador chegou a dizer que não se importa em ser vazado, desde que marque mais gols que o adversário.

– Prefiro ganhar por 4 x 3 do que por 1 x 0. Na Argentina, eu era criticado por ser muito ofensivo. Ninguém gosta mais de atacar do que eu – disse em entrevista à GZH.

E aqui vai um alerta. Afinal, Mano, mesmo conservador, não conseguiu dar estabilidade ao sistema defensivo do Inter em 2023. A bola aérea teimou em vazar, algo que Coudet precisará corrigir. O treinador também teve dificuldades com a jogada em sua primeira passagem pelo Beira-Rio.

Por fim, Coudet terá que lutar contra o tempo para moldar as ideias de jogo. O prazo é 1º de agosto, quando começa a disputa das oitavas de final da Libertadores contra o River Plate. Mas o novo treinador já precisará dar uma resposta imediata neste domingo, contra o Bragantino, pelo Brasileirão.

Foto: Reprodução S.C. Internacional