Duas semanas após seu surpreendente desligamento do Cruzeiro, o técnico português, Pepa, decidiu abrir o jogo sobre sua passagem pelo futebol brasileiro. Em uma entrevista exclusiva à Globo, ele compartilhou sua mágoa com a decisão da diretoria do clube e negou veementemente qualquer atrito com o elenco.
Pepa foi demitido do Cruzeiro em meio a uma sequência de sete rodadas sem vitória no Campeonato Brasileiro, o que levou o time a uma perigosa proximidade com a zona de rebaixamento, após um começo promissor na busca por uma vaga na Libertadores. Apesar dos resultados insatisfatórios, Pepa esperava um maior apoio da direção do clube durante essa turbulência.
Pepa
O técnico português explicou que a seleção que o levou ao comando do time, há seis meses, lhe deu a confiança de que teria o apoio necessário em momentos difíceis, de acordo com o projeto da SAF (Sociedade Anônima do Futebol). A estrutura prometida pela diretoria foi entregue conforme o combinado, mas ele sentiu falta de apoio quando os resultados não vieram.
“Tudo, tudo, tudo. Não me faltou nada. A única coisa que me senti foi um pouco desapoiado. Você treina o Cruzeiro, com 11 milhões de torcedores, uma paixão louca. De repente, tchau, acabou. Se fosse por confusão com jogadores, com direção, com más exibições… aí, sim. É uma grande mágoa. Da mesma forma como foi explicado sobre a força do projeto, se em algum momento acontecesse de perder por 3 a 0, chegar e falar: meus amigos, esse é nosso treinador, é ele até o final da temporada. Seja com 3 a 0, 4 a 0, 5 a 0, ele vai ser nosso treinador, porque foi escolhido e nós acreditamos.”
Problemas do lado de fora
A saber, Pepa também mencionou “ruídos externos” como um possível motivo para sua demissão, sem entrar em detalhes sobre a fonte desses ruídos. Ele sugeriu que o rebaixamento do Valladolid na Espanha, clube gerido por Ronaldo Fenômeno, poderia ter influenciado na decisão. No entanto, ele enfatizou que não tinha certeza sobre os motivos que levaram à sua saída.
Dessa forma, treinador também fez questão de esclarecer que não havia conflitos no vestiário do Cruzeiro e elogiou o ambiente de trabalho com jogadores, comissão técnica e funcionários do clube.
“Algumas coisas chegam aos seus ouvidos. E quando vieram me falar de mau ambiente no vestiário, é completamente mentira. E não é que há necessidade de vir aqui desmentir, mas é mentira. Ambiente fantástico com tudo e com todos, com jogadores, estrutura, direção, funcionários, segurança, porteiro, pessoal da limpeza, da cozinha, de tudo.”
Pepa também comentou sobre sua relação com a imprensa brasileira, afirmando que a encontrou respeitosa e não sentiu uma pressão insuportável durante sua passagem pelo Brasil.
“Para mim, sinceramente, foi um grande aprendizado. Fala-se muito que o Brasil é insuportável. A relação com a comunicação social, por exemplo, não achei. A pessoa que dá o respeito, é respeitada.”
Assim, ele também elogiou o apoio da torcida do Cruzeiro e destacou a importância de manter uma atitude positiva, mesmo nos momentos difíceis.
No geral, Pepa deixou claro que, apesar da demissão, ele acredita no potencial do Cruzeiro e tem confiança de que o clube atingirá seus objetivos. Sua mágoa parece estar ligada à falta de apoio da diretoria em um momento crítico, mas ele mantém um respeito pelo clube e sua torcida.